Quando a saudade me aperta
O consolo é o violão
Faço as cordas chorar triste
Da primeira até o bordão
Meu dedo segue floreando
Com a idéia faço a canção
E a minha voz vai dizendo
O que sente o meu coração
Hoje por exemplo estou
Com saudades da família
Das filhinhas e da esposa
Senhora que muito brilha
Me encontro viajando
Cortando serra e coxilha
Soltando triste suspiro
Na estrada que a gente trilha
Sinto saudades de casa
Do viveiro dos passarinhos
Do cardeal, do sabiá
Quero-quero e os canarinhos
Da criação de galinha
Do Kalú e do Toquinho
Sentinela do meu pátio
Dois amigos cachorrinhos
Do Mimi, o meu gato branco
Que do meu primo ganhei
Do meu lindo parreiral
Que com trabalho plantei
E todo o arvoredo novo
Do jardim que cultivei
O meu pé de manacá
Que quando morreu eu chorei
Saudade dos meus vizinhos
Amigos de confiança
Também do meu carro novo
Tudo me vem na lembrança
Ao terminar esta viagem
Voltarei com esperança
Rever o que me pertence
Quem espera sempre alcança
Quero chegar no meu lar
Na perua buzinando
Pra ver as crianças em festa
Na hora em que vou chegando
Quero matar a saudade
Que está quase me matando
Agora pára violão
Não vê que eu estou chorando
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