É a porta abandonada
que leva ao outro lado
aberta de repente no meio da noite
sou eu
a promessa esquecida
de um coração magoado
a chuva de um inverno no chão da cidade
sou eu
a flor acostumada
ao frio do cerrado
o pássaro liberto chegando ao deserto
sou eu
Febre, veneno, dor, alucinação
fruta proibida, delírio, sensação
no meio da rua
ardendo no fogo
crescente da lua
eu sou
Navio destinado
a porto malseguro
luz de vela no escuro, o buraco no muro
sou eu
o amor que chega à frente
do ódio bem guardado
o riso antes do grito, o sorriso do aflito
sou eu...