As minhas canções inacabadas
Vão ficar feito folhas no vento
Cruzes na beira da estrada
Quando cessar em mim a energia, o movimento
Mais do que cruzes, pousada
Mais do que abrigo, alimento
De uma aventura desenfreada
Da minha breve estada
Os melhores momentos
Melhores porque tendo ritmo
Não têm, da forma, o cimento
Enveredam por muitos caminhos
Mas só voam o céu secreto
Que eu invento
A minha vida
Se faz completa
Nem bem o sol levanta
Se com ajuda
Do meu verso
No fundo do tempo
Uma pessoa já canta
Viajante, não lhes peça nada
Além de esperança e alento
São folhas, são cadernos, são palavras
São indecifráveis madrugadas
Deixe-as seguir no vento
Eu tentei ser um homem simples
Mas meu coração foi vagabundo
Eu era muito moço
Quando joguei minha vida na estrada
Pelo claro cristal da rima
Revirei o mundo
Eu vi meus companheiros morrendo no caminho
Eu vivi os piores anos da repressão
É quanto custa
A doçura
Que tenho
Quanto me vale
Tecer a palha
De uma canção
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