Chega, escorrega, assovia do nada
Na chapada, onde o nada é o que mais cega
Resfolega a rajada do vento arrasador
Se começa ninguém sabe onde acaba
E desaba varrendo o que lhe impeça
Atravessa a queimada onde o céu
Se avermelhou, rodopiou,
Virou pro mar, alonga a onda a quebrar, vento que é bom
Na direção de escapulir, vento que é bom
Quando rugir, quando vagar
Quando o vento fugir
Num semitom canta com o vento, que é bom
Quando dobra a serra num sopro vertical
Lá que o vento tem seu final
E quando se encerra na brisa original
Desliza um fim de melodia
Onde some o vento, de lá sou natural
Do alto, sou de mairiporã
Quando beija a renda no canto do varal
Roçando na romã, no bambuzal
Só resta um assovio, a brisa por um fio
Foi vento bom