Por essa estrada aberta
Que corta todo o sertão,
Muitos pés ganharam o mundo
Em busca de sonho e de pão.
Alguns voltaram em cartas,
Outros voltaram em caixão,
Deles ficaram plantados
Ao longo do estradão,
Nem cruz pra marcar lugar:
São sementes de solidão.
êô, êô, ô, lê, lê, lê, ê, ê, ô.
Poucos chegaram ao topo
Conquistando sucesso e glória
Mesmo com a alma marcada
Pelas lutas da trajetória
Voltaram ao berço dos pais
Arrastados pela memória,
Na missão de erguer novos sonhos
Em quem inicia sua história
E romperam a porteira do medo
Elevando o sertão à glória.
êô, êô, ô, lê, lê, lê, ê, ê, ô
Eu também caí no mundo
Em busca de sonho e poesia
E estas rugas no meu rosto
São de tristeza e de alegria.
Fiz versos que joguei fora,
Fiz versos que é a luz do meu dia.
Não voltei em capa de revista,
Mas voltei pra quem me queria.
Eu não trouxe dinheiro no bolso
Só versos, versos que me alumiam.