Entre
Não repare na bagunça
Minha empregada-escrava não veio hoje
Filho doente
Os pobres estão sempre doentes
A miséria é uma doença necessária
A pobreza a muitos interessa
Senão, quem limparia as sujeiras
Senão, quem limparia toas as sujeiras do mundo.
Sente-se
Não repare na sujeira
Pelo menos nada embaixo do tapete
Eu jogo limpo
Eu limpo a minha própria sujeira
Eu pago pouco a ela
Mas o salário é de lei
Eu vivo muito bem sem ela, sim senhor!
Pra ela pior sem mim
Pois, pobre é o que mais tem aqui
Pobre é o que não falta aqui
Fique à vontade
Minha casa é esta
Coma um pouco do meu pouco, e diga
Alguma coisa que eu não esteja cansado de ouvir
Alguma novidade que todos esperamos por aqui
Não pode ser coisa que venha simplesmente repetir
Que os pobres sempre fomos nós
Que os pobres sempre somos nós
Que os pobres sempre seremos nós