Eu venho das bandas do Assaré, meu sinhô
trago um repente pra tocar seu coração
tenho nas mãos a poesia que aprendi, meu sinhô
meu canto é forte feito O zói de Lampeão
nasci no barro da estrada
pulsando o maracatú
sou do espinho, da flor do mandacaru
vou pelo mundo contando
as coisas do meu sertão
o meu lamento é profunda oração
sou Patativa, sou
do Assaré, do ar
língua de trovador
rio que dá no mar
sou o nordestino matutando esperança
rimando as vezes, sou meio camaleão
mudo de cor se for preciso
vou no chão da lembrança
pois é na rima que alivio o coração
eu canto a dor e a saudade
eu canto a amor comunhão
vislumbro felicidade, meu sinhô
pois também sou de folia
de lua cheia e paixão
sou fruta que dá no tempo
sou trovão.