Somente a intenção do gesto
Bastou pra os desassossegos,
Quebrou o encanto do antigo
Feito de pedra e lamento.
Tenho a alma tapejara
Do mundo sem aramados,
Bastou a intenção do gesto,
E a ternura fez costado.
Dos teus olhos esverdeados
Colho meus dias melhores,
Solidão não me consome,
Dos males então os menores.
Somente um fogo para as tardes,
Destas cinzentas de frio
Tu que me alcanças um mate,
Remédio pra os meus vazios.
De vereda eu me comovo,
Esqueço o jeito da estrada,
De repensar no que leva,
Às contas do que já falta.
Ao me plantar num fogão
Sem bate-bate de cascos,
Somente os olhos cativos
De me apegar março a março.
Descalço o aço de estrelas,
Das intenções andarilhas,
Pra ser manso nos silêncios
Sem légua a perder de vista.