Will Makaveli - Réfem Do Destino Тексты

Olha só pra minha casa, tá faltando tudo
Minha mãe angustiada, nós estamos de luto
Meu irmão que nos sustentava ontem mesmo morreu
Agonizando em meus braços, disse que ia ficar tudo bem, me prometeu

Morto pela polícia na esquina traficando
Coberto por um lençol, seus pés ainda se mostrando
Refém do destino, meu irmão foi só mais um
Eu seria o próximo, fato mais do que comum

Meu irmão não era santo, traficava pra caralho
Mas era o único jeito, o governo era falho
Nunca ajudou a população, revolta só aumentava
Tinha que sustentar minha mãe, direto ela implorava

"Filho, não segue o caminho do teu irmão"
"Mãe", eu dizia: "Tranquilo, que horas são?"
Já passava das 10, eu sabia o que fazer
Começar uma carreira, carreira que fez meu irmão morrer

Sou um refém do destino, faço o que ele me pede
A playboyzada se agita, tão a fim de mais um beque
Sodoma e Gomorra ali na minha frente
O tráfico era intenso, o diabo está presente

Um dia um PM folgado veio me enquadrar
Mal me revistou, começou a me algemar
Logo no meu finado irmão comecei a me lembrar
Sei lá, mas nessas condições eu não devia estar

O crime fode com tudo, qualquer hora você dança
Meu futuro foi pro lixo, perdi até a esperança
Julgado e condenado, sentenciado sem pudor
O juiz bateu o martelo, foda-se a minha cor

Preso e inofensivo, refletia sobre a vida
Mais um vida loka, sente a vida bandida
Vida, será que ainda tenho uma?
Sei lá, não ligo mais pra porra nenhuma

Na escuridão da cela, vendo o tempo passar
Em câmera lenta, é verdade, já não dava pra aguentar
Um vai e vêm na minha cabeça, só pensamento louco
Pensava na minha mãe, tentava relaxar um pouco

Certa vez escrevi pra ela uma carta dizendo assim:
"Desculpa mãe, por tudo mais, enfim
Se um dia eu sair daqui, juro, irei mudar
Melhorar a minha vida, me por no meu lugar"

Graças a Deus, faltava só alguns dias
O fim do sofrimento junto às noites frias
Pensava no meu bairro, até na vizinhança
Jogar bola com os moleques, voltar a ser criança

Infelizmente a vida não é um conto de fadas
Perdi um truta meu, mano, quantas facadas
Amizade de cadeia, um cara gente boa
Era que nem eu, só pensava na sua coroa

Fiquei imaginando se acontecesse comigo
Ser morto brutalmente por algum inimigo
Confesso, na real, um 121 sempre me assombra
Na cadeia fui pacífico, fiquei longe das sombras

Saindo daqui irei decidir o meu destino
Não serei mais seu refém, é o que eu imagino
Talvez voltar a estudar, fazer algo digno
Dar às costas a maldade, a Satã, o maligno

Não deixe se enganar, preserve sua inocência
Sou um ex-presidiário, adquiri minha experiência
Hoje vivo em paz, ignoro todo olhar torto
Melhor ser livre e saudável do que preso e ser morto

Às vezes penso e começo a orar pela alma de meu irmão
Um desiludido, refém do destino, sem razão
Peço a Deus que tenha compaixão daquele rapaz
Saudades irmão, descanse em paz
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