meados de dezembro bem depois
do Sol nascer
um calor exorbitante
quase nada a florescer
eis que surge no horizonte
uma figura pitoresca
calmamente em 4 patas
peregrino do sertão
seu pescoço adornado
anuncia sua rota
com um sino prateado
tintilando sem parar
vem andando bem tranquilo
procurando alguma coisa
bodejando seu gemido
quase um cantarolar
Bode sonolento
prolongando o momento
de reflexão
espaço tempo adulterado
Bode Sonolento
mensageiro do destino
vem trazendo boas novas
ta chegando pro jantar
da maloca com a carroça
estacionada no quintal
carregando uma vasilha
ele veste um avental
caminhando lentamente
ele manca e sorri
saliente, meio podre
sugerindo solidão
e o Bode sonolento
atraído pela sede
varios dias na jornada
pouca água desde então
ele segue confiante
vai guiado pela mão
bodejando alegremente
bodejando uma canção
Bode sonolento
prolongando o momento
de reflexão
espaço tempo adulterado
bode sonolento
teto preto derrubou
a buchada alimentou
mais de 20 no natal