Sinto-me a crescer e quanto mais cresço
Mais eu quero renascer, na verdade eu apareço
Sinto-me a viver, numa luta congelada
Quanto mais eu luto, mais me sinto derrotada
Quando tu dás tudo, tu não recebes nada
Eu recolho o meu mundo, pra que a chuva não lhe bata
Sozinha me mudo, a mentira só me afasta
Ela arrasta o mudo mas dá força ao que diz "basta"
Bater palmas a ti? Tenho mais a quem bater
Este sorriso é pra mim, tenho os olhos a arder
Que o incêndio que há aqui, abre os olhos pra me ver
Num silêncio por aí, penso ver o que não penso
O passado atrás de ti, em frente não tem assento
O meu nó atado ali, o relógio anda lento
Nunca fugi ao que senti, eu por dentro sou de cinzento
Cativa-me noutro dia, porque agora...
Refrão:
Sinto. Pra quê? Porquê? Se tu não vês
Pinto. O quê? De quê? Só dura um mês
Se a vida que sinto não sente o que sinto, só vê
Pra que é que eu sinto? Pra que é que eu sinto outra vez?
Está tudo dito, tenho o direito a gritar
Grito porque sinto, aquele grito no ar
Cito o que disseste, fico para aqui a pensar
E o que tu não disseste é o que me faz mais chorar
Tenho o olhar a brilhar, porque a dor é intensa
Fico para aqui a contar cada mentira ilesa
Elas voam num voo sem quebra, sou pedra!
Elas soam num som sem terra, vai pra merda!
Sou como uma caneta, eu não sei apagar
Escrevo em cada cometa, os erros vivem no mar
E cada um que eu cometa, guardo-os no meu olhar
E se olhares nos meus olhos, vais chorar, vais gritar
Acreditar, vais sonhar, vais parar no momento
Vais amar, recordar, vais lutar sem contar o tempo
Cento e noventa são só almas no vento
Mas o que eu quero não tem preço, tá espalhado no tempo
Refrão:
Sinto. Pra quê? Porquê? Se tu não vês
Pinto. O quê? De quê? Só dura um mês
Se a vida que sinto não sente o que sinto, só vê
Pra que é que eu sinto? Pra que é que eu sinto outra vez?
Não é o que digo que importa, é o que sinto talvez
Sigo sempre sem portas, no mesmo sitio outra vez
As minhas linhas são tortas, tu não sabes, não lês
As vossas almas tão mortas, tu não sentes, só vês
O que eras já não interessa, importa-me é o que és
Vivo sempre com pressa, pisa-me levas com os pés
Falta-me mais que uma peça, e tu não as és
Deixei a luz acesa, mas tu não a vês
O semi-frio está na mesa, eu estou sozinha outra vez
Deixo-me aqui ilesa, o que é que importa não é?
A liberdade tá presa, eu não voou com os pés
Mas a saudade é imensa, e eu não digo "até..."
"Até logo" não posso, ainda tou presa aí
Que tu feres-me os ossos, e eu sinto-te aqui
Mas até logo, já posso, tenho a chave aqui
Vou abrir o que é nosso e espalhar por aí
Refrão:
Sinto. Pra quê? Porquê? Se tu não vês
Pinto. O quê? De quê? Só dura um mês
Se a vida que sinto não sente o que sinto, só vê
Pra que é que eu sinto? Pra que é que eu sinto outra vez?