São joão, faz doze meses
Que eu não sou nada sem ela
Sou só a cópia da cópia
Do cara que eu era
São joão, santinha é o sonho
De uma vida inteira
Eu a metade mais fraca
E triste dessa brincadeira
Barbante sem bandeirinha
Vossa festa sem fogueira
Vós sois o frio da noite
Santinha é o fogo
E eu sou a poeira
São joão, santa santinha
Foi meu norte no negrume
Na escuridão da vida
Foi meu vagalume
E agora, são joão
Que o resto da cinza esfriou
Que a vela do barco sem rumo
O sopro do destino emprenhou
Dai-me o sinal do farol
De qualquer outro porto
Que eu vou
Atrás de outra fogueira
Que aqueça outra festa de amor
Faço dupla com o luar
Pra cantar essa canção
Catavento na pinguela
Vai soprando a estação
Minha prece ilumina
O varal da solidão
Hoje a festa é sem festa
Não é, são joão