Da esplanada em vão me projecto
Para lá de onde me sinto
Tento ver sem me ver
Na esperança súbita de saber
Em que movimentos me finto
Naquele entrecruzar constante
Neste chocar sem chocar
Onde o espaço é quase tudo
E o tempo quase nada
Me tento em vão ver passar
Uns vão rindo outros sorrindo
Outros vão de rosto mudo
Há quem simplesmente vá indo
Na fé que o vento varra tudo
Mas eis que um olhar diferente
Vestes tu a esvoaçar
Como se a muitos prédios
Não nos tirassem o ar
Na fronte leva a certeza
De mar manso em lua cheia
Deixo 20 paus na mesa
Vou apanhar a boleia
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