Você sabe adonde eu moro
Na casinha que eu adoro
Fica lá no meu sertão
Apesar de ser pequena
Ainda cabe uma morena
P'ra alegrar meu coração
De manhã quando eu levanto
Eu já óio em todos canto
Sinto logo uma saudade
Os passarinho cantando
Parece que tá falando
Foi-se embora pra cidade.
Quando eu óio no cantero
Que eu plantei em feverero
Eu me lembro de uma frô
Essa frô é a cabocla
Que me deu um beijo na boca
P'ra dizer que tinha amô
Terminei as empreitada
Agora não faço nada
No meu rancho de sapé
De que vale eu sê rocero
Possuí tanto dinhero
Sem amo de uma muié.
Se ela passasse um dia
Na hora da Ave Maria
Eu dizia só pra vê
Vorte um pouco aqui morena
Que essa casa é bem pequena
Mais dá bem prá nóis vivê
Colaboração de João Cecílio da Trindade,
77 anos, violeiro de Araxá, MG