Sou quem sou, sou assim mesmo
Trago o violão na frente
Na cabeça eu trago a rima
No peito essa voz dolente
Escrevo a canção que eu canto
Faço verso no repente
Não tenho culpa se alguém
Diz que sou inteligente
No Rio Grande fui criado
Religioso e educado
Por isto é que sou chamado
Pra cantar perto de gente
Sigo as leis do meu país
Gosto de tudo decente
Assim mesmo alguns covardes
Me criticam abertamente
De medo mudam de assunto
Na hora em que estou presente
Eles sabem que eu ouvindo
Acontece um acidente
Meu braço faz a subida
Bato forte na decida
Vivi toda a minha vida
No meio de homem valente
Não sou mais do que ninguém
Embora o meu sangue é quente
Carreteei fui lavrador
Fui ginete competente
Fiz transporte de boiada
Não pedi nada a parente
Abri picada em deserto
Bebi água de vertente
Quando aprendi o violão
Me dediquei a canção
Mas a minha formação
É do homem de antigamente
Eu tenho cheiro de terra
Do índio sou descendente
Sou bom pai sou bom marido
Sei amar perfeitamente
No romance do carinho
Leio frases envolventes
Rezo pra quem vive bem
Dou remédio pra doente
Só não me pisem no pala
Porque meu revólver fala
E o preço da minha bala
É uma morte de repente
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