A chuva cai devagar
Molhando tudo e todos
Que não saem do lugar
Reinventando a vida e chegando em silêncio ao abismo
Escravos do tempo pensamos, sonhamos e dormimos
Escrevemos planos para dar graça ao suicídio
Da nossa massa morta que procura implora alívio
Tentando entregar – se por um preço justo
O preço merecido para um pensamento vulgar
De pessoas sufocadas que pensam, que fingem amar
Mastigue a vida e deixe ir goela abaixo
Com a razão de quem aprendeu a perder
Cegos, surdos, e mudos se atropelando
Todos os dias sem perceber
Vou procurando pedaços de uma vida
Que parece que nunca foi minha
Mas na solidão da multidão vamos sorrindo
Da crueldade cega de quem vai para o mesmo destino
Vida e morte no mesmo lugar
Seguimos caminhando
Sem sair do lugar