Dia 2 de janeiro ( 96 ) não esqueço nunca mais ,
estava indo num velório de mais um rapaz que daqui jais ,
o mano aqui nunca mais ,
sangue bom pra muita gente cara tanto faz ,
mas muita gente estava no local ,
várias pessoas chorando a mãe do rapaz passa mal ,
e vendo tudo aquela cena meu subconsciente dizia :
Quê farei para acalmar essa dona Maria .
É mas está embaçado eu vou falar o que ,
que essa mulher quer ver seu filho reviver ,
mas era muita gritaria , choro , pranto e dor .
Oh , Deus me livre dessa angustia por favor ,
tento me conter , permanecer firme e tranqüilo ,
mas é difícil estar calmo vendo tudo aquilo ,
cumprimento os parentes do finado um a um ,
consolo é que transmito pra parar os gritos ,
sua irmã estava calma dava pra ver ,
me olha e me diz que eu fosse vê-lo pela última vez ,
que viro o caminho agora na direção do caixão ,
com o nó na garganta e as flores na mão ,
chego perto e vejo o meu mano ali morto a toa ,
mais que situação desesperadora ,
estudante , pai de família e trabalhador ,
religioso e sempre seguiu as leis do senhor
pois acabaram com sua luta e perseverança ,
o que sobrou foi uma viúva com três crianças,
morto por causa de um relógio e um par de tênis
e o que me revolta não sei se você me entende.
Ser assaltado tá certo fazer o que tá limpo,
mas sua vida seu futuro viraram fumaça de um cachimbo
pilantragem, treta, pedra sempre serão repertórios
de cenas deprimentes de apenas + 1 velório.
Apenas mais um, apenas mais um velório, (2x)
Apenas mais um
Malandragem, palavra forte no reino da favela,
vários malucos querem sem mais um súdito dela,
cabeça raspada gíria na levada,
ser criminoso demais os donos da quebrada mais que nada
Eazy Down na jogada, normal natural, tudo igual,
só na balada eu tô ligado que era arrumar treta com qualquer um
sentar o dedo nos humildes fácil não há revide
é sem futuro esse assunto, eu chego junto,
pois estamos cada vez mais, perto do fim de tudo, se iludo
apocalipse já está aberto, a profecia se cumprindo e eu falo sério
é crack, maconha e cocaína,
várias doses de uísque, e uma seringa e assim segue a rima,
muita gente já se foi, gente más, gente de bem.
Maldade vai além e recorrer a quem?
Muitos no sufoco procuram Deus,
o resto diz que se dane essa vida eu sou ateu,
esses querem ver o diabo de perto,
ser escravo dependente no caldeirão do inferno,
se ligue então preste atenção é Sistema, sistema negro,
idéia de escravo pra irmão.
Refrão
Ram , já perdi a conta de quantos daqui já se foram
pela justiça divina ou por motivos tolos
a rima é uma arma engatilhada,
manuseada de palavras cada vez mais pesadas,
o nosso som é um toque de recolher das ruas,
pra preservar a minha vida, a dos manos
e a sua vida no crime parei respeito quem é quem,
proceder de um bom preto remando eu vou além,
agrade Lúcifer se quiser, se puder, faço isso agora mesmo
e pode se considerar um irmão a menos,
um buraco bem fundo te espera,
vários manos, várias putas, várias velas
estão acesas pra você, o seu caráter era sua arma seu procede
quem conheça as batidas, do seu coração,
agora sofre em vão chorar é solução,
os populares se aglomera em volta do caixão,
perdemos + 1 mano ganhamos um inimigo
estou parado aqui acreditar não consigo,
o armamento tá lá fora nos carros,
16 tiros pra cima pentes e tambores entupetados
se vale a pena o rende não há
mais quem duvide os olhos não enxergam estão tentando disfarçar
a vida às vezes dá dessas é impossível suportar,
caminhamos nem sempre para o lugar certo
considerava meu mano sabia que não era santo
mais uma bala foi sim e se tornou repertório
perdemos mais um mano apenas,
apenas mais um velório.
Refrão