Era nós do zé do norte;
À espera de uma partilha;
De terra prá plantar a sorte;
E sustentar nossas famílias
Foram mais de trinta dias;
Dormindo na beira da estrada;
Deus sabe o frio que fazia;
E nós ali igual boiada
Quanto mais a espera aumenta;
Mais se apega as esperanças;
Fome e frio a gente aguenta;
Mas se a dor é nas crianças,
Não há pasto neste mundo que esse gado não avança!
Sem trabalho, sem dinheiro;
Sem a terra prometida;
Igual a tantos brasileiros;
Lutando pra subir na vida...
Zé do norte só queria,
Um canto pra poder plantar;
Só que ele não sabia, que tinha dono no lugar
Onde muitos não tem nada, e poucos tem até demais
Gente humilde é mau tratada, e vista como marginais
Certo dia lhe chegaram;
Espalhando medo e a morte;
Dez calangas que acertaram o coração do zé do norte;
Que morreu deixando filhos e a mulher a qualquer sorte!
Sem trabalho, sem dinheiro;
Sem a terra prometida;
Igual a tantos brasileiros;
Lutando pra subir na vida