Pobre daquele que sente fome
E vê a soja estragar no armazém.
Pobre daquele que sente fome
E sabe que só come se roubar de alguém.
Pobre daquele que sente o cheiro da morte
Todos os dias no balanço do trem.
Pobre daquele que sente o cheiro da morte
Desde que nasce até a hora de morrer também.
Pobres de espírito,
Pobre de mim...
Que a noite traga a escuridão,
Pra viver, pra matar, pra morrer aqui.
Vem, o caminho é bem menor:
Me chamam Brasil.
Pobre daquele que já morreu
E não comprou seu lugar no céu.
Pobre daquele que já morreu
E descobriu que não se guarda lugar pra ninguém.
Pobre daquele que já nasceu num país
Filho da Puta por definição.
Pobre daquele que já nasceu num país
Endividado e afogado na corrupção.
Meninos brincando de matar alguém,
Um dia vão crescer,
Pra nunca mais brincar
De viver, de matar, de morrer aqui.
Vem o caminho é bem menor:
Me chamam Brasil.