Lembro bem do momento em que parti
Só não sei quantas vezes retornei
Como sempre, na hora em que cheguei
Me dei conta que errei voltando aqui
As ruínas da casa estão aí
Só paredes em pé, não tem telhado
Falta porta, está tudo escancarado
Mas o ar não se mexe pra passar
Já vi tudo, só falta acreditar
Que o portão do retorno está trancado
Não adianta tirar de onde não tem
Nem tentar encaixar onde não cabe
Sem saber alguém tenta, e quando sabe
Já não dá nem um passo mais além
Pois de trás para frente nada vem
O que foi já não é e nem será
E da frente pra trás, ninguém irá
Desfazer o que fez, certo ou errado
Vou deixar este canto abandonado
Para sempre do jeito como está
Me esparramo ao relento, o chão é torto
Canta um grilo Escondido e mais ninguém
Vou dormir neste abrigo que só tem
Sede, fome, sujeira, desconforto
Pra sonhar que acordei de um sonho morto
No quintal de uma casa onde eu podia
Não correr contra o tempo enquanto via
Teu sorriso indo e vindo num balanço
Sem voltar pra você eu não descanso
Minha casa é você e eu já sabia