A zira andava tão estranha
Tão esquiva e fugidia
Ninguém sabia o que ela tinha
Ao tempo que não a via
Aquela alzira, zira
Não veio ao baile no domingo
Nem veio no outro seguinte
Quando voltou vinha diferente
Vinha cheia de requinte
Assim pintada até parecia
A locutora da t.v.
Tinha ido à manicura
Fazer pestanas e sobrancelha
Bordar os olhos com pintura
E pôr nas unhas uma horrível cor vermelha
Ó alzira
Que é que fizeste ao olhar
Tinhas um azul-safira, zira
Não era preciso pintar
Rapou as pernas com gilete
E pôs no pé um tacão alto
Dançou caía e não caía
Num completo sobressalto
Aquela alzira, zira
Mas com o suor do baile
A pintura desbotou
A meio dum paso-doble
Ela nem sequer notou
E ficou um olho pintado
E o outro meio borratado
O meno rock fez chalaça
Quando ela tentou a valsa
E a zira não achou graça
Tirou o sapato e foi-se embora assim descalça
Ó zira
Deu-te para armar ao fino
O teu pé assim não gira, zira
Ele pede sapato latino
Ó alzira
Que é que fizeste ao olhar
Tinhas um azul-safira, zira
Não era preciso pintar