Meu paraíso não tem a modernidade
Tem toda a simplicidade da luz de um lampião
Carro de boi rangendo a beira da estrada
O canto da passarada, o pio da juriti.
No fim de tarde os lampiões estão brilhando
Sapos e grilos cantando, meu paraíso é aqui.
Café passado quente em coador de pano
E do forno vai saindo uma broa de fubá
Fogão de lenha, frango em panela de barro,
Gula, aqui não é pecado este é o meu lugar.
Toca viola, toca moda sertaneja!
Bota lenha na fogueira que o café já vai sair.
Os vaga-lumes se misturam com as estrelas
"dinda lua" vem faceira, meu paraíso é aqui.
Meu velho pai me conta a lenda da "mãe do ouro"
E dos tempos de criança na fazenda donde nasceu
"inda" pequeno ia cedo "pru" trabalho
As mãos já cheias de calos, muito pasto pra roçar...
Pegou pesado, capinou, arou a terra,
Plantou milho e fez da serra o seu canto, o seu lugar.
No fim de tarde reunindo a "peãozada"
Deixam de lado a enxada, é hora de "proseá"
Sentar folgado nas cadeiras da varanda
Viola brinca com sanfona, este é o meu lugar!