Depois da corneta, o tiro
Um gritedo dos mais longos
Chega a tropa imperial
É massacre nos Porongos
Aos 14 de novembro
Anoitece bem mais cedo
Mancha escura sobre o pampa
Marca o golpe sobre o cerro
Negra noite, negra alma castiga todo silêncio
Que habita em nosso legado e nos faz arrepiar o pelo
Trazendo à tona verdades de um povo tão sofredor
Nessa história mal contada cujo herói trata o desfecho
Sem pena manda o recado e desarma o Lanceiro Negro
Negando o dom da promessa de um mundo libertador
(O negro agora reescreve a sua história
Pois foi traído pelas páginas de glória
O negro luta pela própria liberdade
Busca a verdade que o castiga na memória)
Na senzala do destino
Como um beco sem saída
Tô num mato sem cachorro
E a lança foi minha vida
Anseio por liberdade
Visto algemas desde moço
Trago a adaga na cintura
Já com a corda no pescoço