No fundo de caixa desse meu CD tem uma panorâmica do Oziel
Pra corroborar o que eu estou falando olha a periferia sob o azul do céu
Feito outra quebrada qualquer do Brasil que nasce sem infra-estratura
Se desenvolve por causa da raça, sangue na veia e certas posturas
Dos próprios moradores que metem a cara e vão construindo
Espaço ao sucesso e ao sonhado progresso e a vila então vai evoluindo
Eu tenho uma pá de camarada nessa quebrada que eu já citei
Voltei somente um tempo depois pra uma visita e até me assustei
Por ver o tanto que a vila cresceu, como em tão pouco tempo, se desenvolveu
Cantei numa tarde abençoada naquela festa armada por um truta meu!
E foi em meio a uma pá de sorrisos que num improviso a inspiração bateu
Sob os olhares daquela gente, de repente, esse refrão nasceu!
Veja como é bonito, malandro, como é lindo o céu
Perfeito azul piscina, pintura divina, sagrado papel
É de um famoso pintor chamado Criador que maneja o pincel
Especialmente pra gente e não é diferente aqui no Oziel
Voltei pro barraco satisfeito por ter feito aquele partido
E por ter sentido o que eu tinha sentido e do sentido daquilo que eu tinha sentido
De ser mulado por político safado já está cansado o povo sofrido
Que só quer trampo pro desempregado alternativa pra quem não quer ser bandido
Já vi moleque no vapor medonho como em qualquer lugar desse Brasil
Mas não passa de criança cheia de sonho querendo ser vista por quem não a viu
Que Deus renove a esperança e espalhe a bonança por toda a favela
E que a foto tirada lá na passarela, parte integrante desse meu CD,
Tenha sido apenas ilustração pra essa oração que acabei de fazer
Quero que seja eternizado o momento sagrado que lá pude viver!
Em consideração àquela malandragem, acabei por prometer
De por uma foto do Oziel na contra-capa do meu novo CD