Padre Alessandro Campos - Tordilho Negro Тексты

Correu notícias de um gaúcho
Lá da estância do paredão
Tinha um cavalo tordilho negro
Foi mal domado ficou redomão

Este gaúcho dono do pingo
Desafiava qualquer peão
Dava o tordilho negro de presente
Prá quem montasse sem cair no chão

Eu fui criado na lida de campo
Não acredito em assombração
Fui na estância topar o desafio
Correu boato na população

Era um domingo clareava o dia
Puxei o pingo e o povo reuniu
Joguei os trastes no lombo do taura
Murchou a orelha teve um arrepio

Botei a ponta da bota no estribo
Algum gaiato por perto sorriu
Ainda disseram comigo eram oito
Que boleou a perna montou e caiu

Saltei do lombo e gritei pro povo
Este será o último desafio
Tordilho negro berrava na espora
Por vinte horas ninguém mais nos viu

Mais de uma légua o pingo corcoveou
Manchou de sangue a espora prateada
Anoiteceu o povo pelo campo
Procurando um morto pela invernada

Compraram vela fizeram um caixão
A minha alma estava encomendada
A meia noite mais de mil pessoas
Deixaram da busca desacorçoadas

Daqui a pouco ouviram um tropel
Olharam o campo noite enluarada
Eu vinha vindo no tordilho negro
Feliz saboreando uma marcha troteada

Boleei a perna na frente do povo
Deixei as rédeas arrastar no capim
Banhado em suor o tordilho negro
Ficou pastando ao redor de mim

Tinha uma prenda no meio do povo
Muito gaúcha eu falei assim
Venha provar a marcha do tordilho
Faça o favor monte no selim

Andou no pingo mais de meia hora
Deu-me uma rosa lá do seu jardim
Levei prá casa o meu tordilho negro
Mais uma história que chega no fim.
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