Fim de colheita, na paisagem desolada
Palha seca esturricada espalhada pelo chão.
Tudo é tristeza no cenário de abandono
Parece lugar sem dono nas quebradas do sertão.
E no mormaço sobe o cisco em remoinho,
Na soqueira um passarinho busca o fruto temporão;
Pois este resto de palhada solitário
Na rudeza do cenário lembra bem meu coração.
Tiguera, é só tiguera,
Foi campo verde outrora...
Mas colhido o mantimento
Acabou-se o movimento
Ficou tão deserto agora!
Vai longa a minha infância,
Bem longe a mocidade,
Hoje em dia minha vida
É também roça colhida
É tiguera de saudade!
Quebra o silêncio vozes roucas e bizarras
É a cantiga das cigarras que se ouve muito além...
O vento sopra a poeira avermelhada
E o campim beirando a estrada fica vermelho também.
Na terra virgem do meu coração criança
Plantei sonhos na esperança de colher e ser feliz,
Mas veio o tempo com a enxada do destino
E os anseios de menino arrancou pela raiz!