Uma saudade tirana me golpeia o coração
Quando lembro que deixei solta lá no rincão
Uma gaucha bonita
E ando sempre de alma aflita meio troncho de paixão.
A saudade me judia quando chega a madrugada
E a lembrança da percanta dói mais que uma facada.
Minha lama xucra incendeia
O coração guasqueia que nem cobra mal matada.
Quando me chove na alma fico pior que muçurana
Dou de mão numa cordeona dessas sem marca orelhana,
E boto a tristeza na soga dessa milonga tirana.
Qualquer dia eu vou trazer ela pra perto de mim
No fundo onde eu trabalho ergo um rancho de capim
Feito com calma de amor
E vou fazer dela uma flor mais linda do meu jardim.
Que o patrão grande do céu ouça essa pressa sentida
E ampare todos os dias este peão em qualquer lida
Pois com sua graça divina
Ei de fazer com essa china a campereada da vida.