Orelha Negra - A Noite Em Que Eu Nasci Тексты

Eu estou aqui no céu e o inferno
Eu estou aqui no céu e o inferno

A noite abraça a escuridão e mancha o fim do dia
A côr do sangue, em formação no céu a Nébula de Carina
O mar em fúria... inquietação tectónica, vulcânica
Imponente ondulação ameaça a humanidade impura
Nuvens de insectos formam símbolos
O nascimento anunciado no local onde as aves voam em círculo
O silêncio dos animais com medo realça o assobio demoníaco
do vento que abano o feno
O aviso da cigana estava certo
Viu espelhado nos olhos da minha mãe dois anjos negros e um feto
Vendeu a alma pela alma que perdeu e fez um pacto
Escolhida para dar luz ao Escolhido... deu-se o parto.

Eu nasci no céu, no inferno.

Emergi ensanguentado filho da neblina nocturna,
Numa ligação sobrenatural e umbilical com a lua,
Penas negras caem sobre mim e agasalham-me,
Não vejo a minha mãe mas os animais acalmam-me,
Estou aqui, filho do nada ou filho do homem, já cresci,
O meu espelho diz-me blasfémia em línguas que nunca percebi,
Mãe passei por ti mas não me viste, sou o arrepio que sentiste,
Eu gritei e não me ouviste,
Estou aqui.

Eu, eu vivo no som do mar
Eu vivo no som do céu,
Eu vivo no som do inferno,
Eu...
Tu, que vives no som do mar,
Que vives no som do céu,
Tu vives no som do inferno.

Eu estou cá e isto é o inferno...!
Eu estou cá e isto é o inferno...!

Eu, eu vivo no som do mar,
Eu vivo no som do céu,
Eu vivo no som do inferno,
Eu...

A noite em que eu nasci, senhor,
Juro que a lua se fez vermelha de fogo,
A minha pobre mãe gritou,
"Senhor, a cigana tinha razão!",
Eu vi-a cair morta logo ali.
As grandes aves da planície lá me encontraram esperando,
As grandes aves da planície lá me encontraram esperando e quando me encontraram,
Sentaram-me no dorso de uma delas que me levou para lá do infinito e quando me trouxe de volta,
Deu-me um anel de feitiçaria de Vénus e disse:
"Voa. Voa. Porque sou uma criança e tu bem sabes que eu sou uma criança."
As minhas flechas são feitas de desejos vindos de tão longe como as minas sulfúricas de Júpiter.
Sim, eu faço amor contigo,
E tu bem sabes, não sentiste dor,
Sim, eu faço amor contigo enquanto dormes,
E tu bem sabes, não sentiste dor,
Porque estou a um milhão de milhas de distância
E ao mesmo tempo,
Estou ali dentro da moldura com o teu retrato
Porque sou uma criança,
E tu bem sabes que eu sou uma criança.
Eu tenho um pássaro-mosca que zumbe tanto que pensavas enlouquecer.
Sim, eu flutuo em jardins líquidos,
E lá nas novas areias vermelhas do Alentejo,
Provo o mel de uma flor chamada, melancolia,
E as gentes afundam-se enquanto damos as mãos
Porque sou uma criança,
E tu bem sabes que eu sou uma criança.
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