68 foi barra
Plena ditadura
Plena resistência
Plena tropicália
Plena confusão
Foi um rebuliço lá em casa
Manifestos, passeatas
Festivais de minissaias
Meu irmão limpando a arma
Meu irmão,
E a revolução?
Que estava por chegar
Tão certo quanto o bem
Sempre vem e vence
Nas histórias infantis
Difícil de aceitar
Que o mal tenha o poder
De escrever na história
Um final tão infeliz
68 foi bala
E mais bala foi setenta e um, e dois, e...
Mais bala foi depois
Sempre alguém sumido de casa
Torturado, morto,
Mutilado pelo Estado ao bel-prazer
Boiando no Rio da Prata
Guerrilheiros, jornalistas,
Marinheiros, padres e bebês
Boiando no Rio da Prata
Visto num jazigo vago
Ou num muro de Santiago
Ou jogado numa vala comum
68 foi bala
Sempre alguém sumido de casa
Meu irmão
E a revolução
Difícil de contar
Mas fácil de entender
A razão e a hora
De quem vive um ideal
Se eu fosse te dizer
O que há em mim de teu
Meu irmão, a glória
É uma história sem final
Mais duro é perceber
Se eu fosse te falar
Do Brasil de agora
Que seria tão igual