Nosso amor é assim mesmo:
uma vírgula perdida em um texto.
Um hífen atravessado na garganta.
Aniversariante de ano bissexto.
Nossos sentimentos são metáforas,
onomatopéias de sofrimento.
Figuras de uma linguagem
há muito esquecida.
Enquanto me perco entre teus colchetes
e entre aspas sussurro que te amo,
num contexto conflitante,
são as reticências que me agoniam.
Nosso amor é assim mesmo:
um texto picotado por sinais,
onde, se hoje te tenho,
amanhã, não mais.
E, assim vamos seguindo:
sobre nós, gigantesco ponto de interrogação.
Reféns de rimas fracas,
como paixão e solidão…
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