Nando Reis - Rock 'N Roll Тексты

Em algum momento
Virou o tempo
Um deslizamento
Entre a loucura e a razão
E já não há silêncio
Tudo é barulhento
Muito movimento
Pouco pensamento
Sobra opinião

Tudo similares
Carregam nas mãos
Seus celulares
Rostos singulares
Se tornam vulgares
Em meio a multidão
E eu ainda canto o meu rock 'n roll

Detritos nos mares, nos rios, nos lagos
Todos infestados com enxofre, chumbo e ácido
O imundo licor preto
Garrafas pet, cápsulas de Nespresso
Como espectros
Durante séculos
Vagarão boiando nos oceanos
Seus esqueletos
Não há nenhum ninho
Na grande ilha de lixo do pacífico
Como um urso polar no bloco de gelo
A beira da extinção
E eu ainda canto o meu rock 'n roll

Conservadores e liberais
Usam as redes sociais
Para divulgar os seus boçais
Ideais medievais
Como se fossem
Os novos 10 mandamentos
Em presídios super lotados
Homens trancafiados, sendo decapitados
Seus corações arrancados
Já não causam mais nenhum estranhamento
Perdeu seu emprego quando revelaram o seu segredo
Morrendo de medo, foi crucificado com desprezo
Como um traidor
Mas ele ainda tem o seu rock 'n roll
Ele ainda canta o seu rock 'n roll

Pastores e censores, delatores, promotores
Senadores, corruptores
Grandes trocas de favores
Na maior hipocrisia e desfaçatez
Das transações tenebrosas
Nas obras portentosas
Roubam somas vultosas
Bocas gananciosas
Esperando cada uma a sua vez
É crime o aborto, mas não é o roubo de um bilhão
Por um pacote de biscoito
Ele passou mais de 20 anos na prisão
Mas ele ainda tem o seu rock 'n roll
Ele ainda tem o seu rock 'n roll

Todos de vermelho comungam de joelho
Mas não olham pro espelho
Evitando constrangimento da sua própria
Enorme contradição
Vaca amarela guardou a panela
E a camisa amarela saiu da janela
Sumiu toda aquela balela
Onde foi parar a fúria e a indignação?
Não tenho as certezas
Dos hinos que grita a multidão
Mas finco a bandeira do arco-íris
Viva a liberdade de expressão
Sertanejo, gospel, hip-hop, choro, samba, funk e pagode
Rap e rock 'n roll

A polícia dos costumes chafurda no estrume
Manipula seu cardume acendendo o vaga-lume
Aumentando o volume da sirene odiosa da repressão
Uma mão na bíblia, outra no coldre
Mas consegue encher os bolsos
Com o dinheiro que é dos outros
O dízimo é um engodo, suborno, chantagem, é uma forma de extorsão
Tudo é transgênico nos alimentos que comemos
Mas negros, travestis e transgêneros
São assassinados, humilhados e tratados
Com discriminação
E é com eles eu canto o meu rock 'n roll

Toda nudez é inocente
Até que a mente indecente
E a língua maledicente
Transforme a inocência da gente
Em indigente perversão
Se Deus fosse consultado
Qual seria o resultado?
Escolheria algum dos lados
Dos inimigos fanáticos por suas crenças ou religião
Uns creem em Gênesis, outros na teoria da evolução
Buscando sossego, ele lê os gregos
Hesíodo e Platão
Mas eu ainda tenho o meu rock 'n roll
Eu ainda tenho o meu rock 'n roll

Na primavera, me disse a Vera
Eu vou, não me espera
Abriu-se uma cratera onde havia terra
Ela era a atmosfera e o meu chão
E eu sonho com ela, eu preciso dela
Sou louco por ela, a vida sem ela é
Incongruência e desolação
O mundo não é mais o mesmo onde eu nasci
Mas eu continuo curando a tristeza
Com a beleza de uma canção
E eu ainda tenho o meu rock 'n roll
Eu ainda canto meu rock 'n roll
Por isso eu ainda canto meu rock 'n roll
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