Envolto de uma luz de vozes
O poeta vai pela estrada
Seus olhos bendizendo o alcance
Penetram, sondando a lua.
A lua por ele se encosta
Completa de exagero encanto.
O poeta, num surto de visões
Penetra o íntimo da lua
Entre as pernas ultrapassa
Rebrilham pelos azuis
E ele de olhar de perfuratriz
Retira as presilhas da lua.
Em gestos moles de cor e luz
Contrai-se a abertura quente
O poeta se limpa, se lava
De outra cor e aspecto sublime.
Afadigado dos gestos intentos
A lua vira em retidão
Atingido o lento espasmo
Provocando seus mesmos sentidos.
O peta agasalha-a no colo
E o ventre que se queima
A lua se debruça trêmula
Num devaneio de vontade.
O gozo que se vem, aumenta
Em frênitos que não terminam
A exibe outro canto
E se põe frontal, tão nua.
O gozo chega ao espaço
Envolto de estrelas e outras luzes
E a lua no cume se enrobustece
Se abre e eleva e se abraça
O poeta se declina em vértice
Deixando a lua, com sua beleza intacta.