Miúdos crescem onde cresceram os ramos,
Mas não chegaram aos frutos com os dois braços esticados
E outros seguem onde morrem soldados
Quando forem adultos vão haver mais frutos do que braços
Que lhes peguem, homens rondam florestas, sítios protegidos
Jovens voltam de festas com animais vestidos
Enquanto o fumo forma nuvens parecidas com as outras
E chovem gotas de ácido que deviam ter sido só gotas
Glaciares degelam, acordos congelam,
Quem é que disse que é por ti que zelam?
Dúvidas predominam, enquanto imaginam respostas
É com perguntas que te ensinam.
Ruas vestem-se de negro em silêncio
A voz da epidemia fora escrita por extenso
Embalem a comida, levem mantimentos,
Deixem o terror tomar posse dos vossos pensamentos.
No reino da tragédia, a fome faz fila de espera
Mas quem espera desespera pelo dia de amanhã
(??) gira a esfera nas mãos da fera que gera
A cratera de miséria severa, férias em
No reino da tragédia não há filmes de comédia
Não há livros escolares ou cursos de multimédia
Não há roupa de marca nem roupeiro na barraca
Nem banheiro nem chuveiro quando a pele desidrata
O hospital é maca de fabrico artesanal
Não existem empregos, logo o salário é virtual
Luxúria impensável, a água não é potável
Refeições sem horas, a fome torna-se armazenável
Vírus e bactérias, juntos não tiram férias
Bloqueando o organismo, entupindo as artérias
Não existem esgotos, tão pouco canalização
Não existem esforços em prol da população
Políticos são vistos como clubes de futebol
Toda a gente veste a rigor, boné, bandeira e cachecol
Após as eleições, a tragédia está de volta
(???) a cruz à rua acompanhada por escolta