Ma dá licença patrício, peço que não me leve a mal
Deste meu jeito bagual e como vou me apresentar
Pois eu sei o meu lugar e quando o perigo vem vindo
Conheço o cego dormindo e o rengo sem caminhar.
Cantado:
Buenas que aqui me boleio to chegando da campanha
Meio arisco e espantado no meio de gente estranha
Venho pisado do lombo esporeado na picanha
Corcoveando e relinchando nem temporal me acompanha.
Lá vou eu pedindo cancha arrebentando o cupim
Queixo duro e mal domado, sempre fui bagual assim.
Eu me crie na campanha saltando de manha cedo
Domando potro aporreado apoderando em varzedo
Montando bagual em pelo de peito aberto e em medo
Cruzando em picada escura dormindo nos arvoredos.
Eu não gosto de peleia, mas também não dou colher
Ando sempre preparado para o que der e vier
Não uso tirar o chapéu pra indiozito qualquer
Só sei deitar a melena nos braços de uma mulher.
Capricho no improviso pra não cantar verso errado
Quando ao posso ir de frente quaro o corpo e vou de lado
Arco o lombo e me guasqueio atravesso qualquer banhado
Não mudo o jeito de ser nem que o sol nasça quadrado.