A frente do muro limita o horizonte,
Limita minha vida, limita o que eu sei.
Diante do muro me acho correto,
Me sinto completo, eu me sinto tão bem.
Diante da vida, diante de tudo,
Diante do mundo, o muro é minha lei.
O resto é pecado, mistério inquebrável,
Sensato é que faz do muro sei rei.
Há um mistério que se esconde além da luz
E os homens cegos se iludem por querer
Que a consequência seja causa que os conduz.
Fechando os olhos é mais fácil de se ver o que se quer.
Cercada por muros a vida é um ensaio,
Nem chega a ser ato, nem vale o seu bem.
Diante do muro me sinto pequeno,
Me sinto ingênuo, mas sinto que eu sei
Que além desse muro, o eterno horizonte,
Num tempo distante, espera alguém,
Que sinta-se ingênuo, se ache pequeno,
Mas que nunca faça do muro seu rei.
Nesta batalha pela posse da razão
Cada soldado orgulhoso de destrói,
Pois há mais fome de vitória que de verdade.
Curvem-se ao muro imponente da ilusão!
Que disfarça tua dor, que ocupa o teu altar,
Que controla tua vida te entregando um poder
Que não cabe em tuas mãos, mas te faz acreditar
Que a vida é só aquilo que se pode compreender.