Quando os dias eram grandes
E era o tempo da cereja
Atalhávamos caminho
Pelas traseiras da igreja
Desafios de rapaz
Eram para levar a sério
Não valia olhar para trás
Ao passar no cemitério
Dava para ler na pedra
Os nomes dos falecidos
E os panegíricos finais
Em epitáfios esbatidos
“Aqui jaz josé dos santos”
(Não se lia bem a data)
Zés dos santos foram tantos
Para quê toda esta bravata
Mais um santo zé ninguém
Jaz contra sua vontade
Há-de ter deixado alguém
Que deixou de ter saudade
“Aqui jaz josé dos santos”
(E outras exéquias bonitas)
Zés assim hão-de ser tantos
Que este nunca tem visitas.
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