Insistentemente
Como nunca planejei,
Orgulhosamente
Queria ser ninguém.
Identicamente pouco parecidos,
Distorcidos em imagem e semelhança,
Capturo imitações sem compromisso,
Em seu uso um desuso me alcança.
Queria ser ninguém
Em meu conservadorismo liberal.
É difícil se ausentar
À própria presença,
Edifícios arranhando
A paisagem local.
Codifico informações
Ao formular a sentença,
Meu conservadorismo liberal.
Anti-partidário recém afiliado,
Estaria em cima do muro
Se não o tivessem derrubado.
Superávit de inteligência,
Descreveu não leu é porque não viu,
Déficit de coerência,
Justapostos ao regime que os pariu.
Vá pro regime que te pariu...
Queria ser ninguém
Em meu conservadorismo liberal.
Muito esforço e transpiração,
Estabeleceram minha pose,
Faturamento anual e crônica neurose.
A recompensa da aposentadoria
E seções de terapia em hipnose.
Apesar do jabá, suborno e propina.
Invisto na amizade, respeito e simpatia.
Como igualar se não descrimina ?
Quando era muchacho
Não adivinhava,
Que no orbe dos adultos
A gente se adestrava.
Afirmação enganada,
Se chama convicção,
Correta só a errata,
Convicta de hesitação.
Um grande camarada
Foi o bicho papão,
Me fazia companhia na solidão.
Queria ser ninguém
Em meu conservadorismo liberal.