De quem é esse som, que abala o município?
Dos clássicos, suspeitei desde o princípio
Só ouço cantar em violência e coisa brusca
E duvidaram do meu talento, não contavam com minha
astúcia
Vagabundo, acomodado, vive cheio de preguiça
Tinha que ter aulas particulares com o mestre
lingüiça
Me desculpe se eu estou te ofendendo
Quer saber? Na verdade, foi sem querer querendo
Especialista em rima, deixando vendido em pânico
Palma, palma, palma, não priemos cânico
Abracem os policiais, cumprimentem os políticos
As pessoas boas devem amar seus inimigos
Me apontar o dedo do meio, saiba que não me atinge
Com duas mãos, eu te aponto 10 e com os dos pés, te
mostro 20
Faço o meu ofício em frente os edifícios
O Rap é compromisso? Isso, isso, isso
Mais que bonita a sua roupa, que roupinha mucho louca
Pena que pessoas de atitude, que são poucas
Pra mim nada é impossível, criatividade que não para
Pena que quem vai pela moda, não vai com a nossa cara
' o senhor não vai com a minha cara? '
De quem é esse som, que abala o município?
Dos clássicos, suspeitei desde o princípio
Viemos lhe trazer este humilde presente
O festival da boa vizinhança, aqui pra nossa gente
Se você é jovem ainda, amanhã velho será
Queira estar vivo, pra tão longe chegar
Não lhe venderei 14 meses de aluguel
Já se foi o disco voador, não ficarei ao léu
Ter talento é bom, mesmo que alguém imite
Chute meu barril, mais por favor, não me irrite
Break é uma coisa que me deixa entusiasmado
Meus movimentos são friamente calculados
Na tranqüilidade, me irrita e agita
Não bate cabeça de bob com a velha 'carcomida'
Às vezes fico frustrado, revoltado
ah se todo ladrão seguissem o Sr. Furtado
Idéias antigas, estocadas em algum museu
Não dá pra cuidar do seu? ah, é tudo eu?
Sempre sobra pra nós, não posso fazer nada
Só posso sentar e esperar minha bola quadrada
' se pelo menos eu tivesse uma bola quadrada '
De quem é esse som, que abala o município?
Dos clássicos, suspeitei desde o princípio
Escrevo meu discurso sempre fora do esquema
Não precisa fazer curso pra cantar sobre dilema
Mudo o percurso, que é pra evitar problema
A vingança nunca é plena, mata alma, envenena
Já encheu, essa história de ser digno de dó
Da próxima vez, vai reclamar com a sua vó
Meu ouvido tá cansado de escutar essas intrigas
Amigo, nesse caso, tenho que evitar fadiga
E manter a paciência, mesmo com quem deixa falha
Confesso que não é fácil ser gentil com essa gentalha
Tento, mais garanto, não depende só de mim
Levanta, faz sua parte, vai, então diz que sim
Aproveite o momento, enquanto ele é oferecido
Depois não vá dizer: ninguém tem paciência comigo
Eu sigo aproveitando, vou construindo sons
Se o que faço é relevante, então sigam-me os bons
Que tal uma cara, pra bater em qualquer lugar do
Brasil?
E não se escondem dos problemas, nem dentro do barril
Não vão chorar nem reclamar, no ombro das paredes
Pelo contrário, mostram que tem muito mais sede
De transformar, de fazer a diferença entre os seus
Em BH ou Acapulco, a vontade venceu
Nesse tipo de atitude que devo me inspirar
Pra que amanhã, um vagabundo não venha falar...
' em 1º lugar, não existe o mal trabalho. o mal, é ter
que trabalhar '
De quem é esse som, que abala o município?
Dos clássicos, suspeitei desde o princípio