O tempo "veio" desaba em chuva, trovão e raio
e ao trote do pingo baio me vou corredor afora.
Até o tinir da espora ia templando no espaço
quedou-se junto do aço pra noite que me apavora.
Venho de volta, de tropa, duas semanas de estrada
imagino a prenda amada mateando em frente as "casa".
O coração bate asas querendo saltar na frente
donde a saudade da gente se reflete em sanga rasa.
Mas pra alma do campeiro o tempo tem dessas manhas
e vez por outra se assanha sem nos mostrar um sentido.
Sempre existe algum motivo pras intempéries da vida
ao calar mágoas sentidas num peito quase ferido.
Quem sabe um raio guaxo me clareando a noite escura
seja um candeeiro xirúa a me alumbrar o caminho.
E no rumo do ranchinho meu baio pingo estradeiro
me leve em trote chasqueiro pra sorver os teus carinhos.
Talvez a chuva que encharca a imensidão do varzedo
sejam lamentos e mágoas do coração da morena.
Que me aguarda serena bombeando a curva da estrada
mateando sonhos e mágoas junto à ramada pequena.