Meu poncho antigo
Com sua baeta encarnada
Igual ao matiz do pampa
Quando rompe uma alvorada
Permita a comparação
Parece um carnal sangrando
Talvez um sol maragato
Da lenha que vai queimando
Meu poncho véio
Que mostra sua flor madura
Coloreando do avesso
A sua própria moldura
Meu poncho amigo
Companheiro das tropeadas
Um galpão pra minha alma
No frio de alguma pousada
Parceiros da mesma essência
Campeiros do mesmo ato
Escutem o meu silêncio
Só pela imagem dos fatos
Faço minha própria estrada
Nos caminhos da fronteira
Sobre a anca do meu flete
Meu poncho é rancho e bandeira
Comigo andou em peleias
Onde cruzam os ventenas
Mas também serviu de catre
Para o sono da morena
Por isso quando eu me for
Parceiros tirem o chapéu
Por respeito vou levar
Meu velho poncho pra o céu
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