«Do rio que tudo arrasta
Se diz violento
Mas não se diz
O quanto são violentas
As margens que o reprimem»
Bertold Brecht
A margem é apenas um lado
Um lado do riacho
Um lado da vida
Ou será um rio alado
A margem não tem lado
É a própria vida
Primeira imagem fadiga no olhar
É tudo o que há de fora
Ou é o caminho de tudo
O que se fora
E o que será
Está nas primeiras escavações
Na matéria orgânica ainda sem nome
Ela está onde existir a fome
É o que reza em seu nome
A margem é eterna mazela
É morar na favela
É sorrir aos favores
A margem é seqüela e castigo
É ser procura, caminho e abismo