Eu entrei num restaurante pra tomar uma cerveja
Quando um tipo que andeja encostou-se no balcão -
Apesar de maltrapilho, pareceu-me inteligente
E pediu humildemente uma batida de limão.
Mais eu tive uma surpresa no copeiro malcriado
Quis o dinheiro adiantado pra depois atender
E o rapaz interiorano dando prova de humildade
Satisfez sua vontade absurda ao meu ver.
E o patrão que estava perto deu razão ao empregado,
Cabisbaixo e humilhado o mendigo se serviu -
E num gesto arrogante, o dono do restaurante
De maneira humilhante resmungando prosseguiu:
Eu de fato me aborreço com freguês pé de chinelo
E pegando um parabelo, exibiu, depois guardou
E o rapaz de olhar manso nada disse, mas sentiu
Outra dose ele pediu, mas primeiro ele pagou.
Trinta e dois dias de viagem é uma longa caminhada
Na Aparecida do Norte é o fim desta jornada!
Nesta hora no recinto havia bastante gente
Com pena do indigente que com muita calma falou -
Se eu estou sujo e rasgado é de tanto caminhar
Pois eu preciso pagar alguém que me ajudou.
Vendo minha mãe doente de um mal quase sem cura
E com esta desventura pressentia triste morte
Então a Deus fiz um pedido e o milagre foi tão lindo
Por isto que eu estou indo na Aparecida do Norte!
Concluindo estas palavras deixou bem claro a lição
E pros dois deu um cartão com as suas iniciais -
Sou um grande criador de gado, raça holandesa
Além de muitas riquezas que eu tenho em Minas Gerais.
Pelo meu tipo de andante eu aqui fui maltratado,
Mas eu fico obrigado pela falta de atenção
Os senhores desta casa não souberam me atender
Quando deveriam ter um pouco mais de educação!