Pesadelo de um homem é ver a sua mãe chorar
Vivendo sem reclamar, pois a vida é uma ameaça
Quem sofre todo dia, se interroga e se maltrata
Tempo consome o tempo, quem fica na ponta da faca?
Filho atormentado, sem reação, nesse mundo
Pai sendo algemado, conquista um espaço ao fundo
Na cela, que prende a mente e não o corpo
A chance é zero, não tente pedir socorro
Assalto ao banco, carro da moda, moto veloz
Dinheiro saqueado, esfaqueando os playboy
Sangue derramado, na margem da calçada
Puta sente medo, mas não joga a toalha, fica na praça
Enquanto faço minha vingança
Talvez seja a vontade de acertar minhas próprias contas
O gueto é místico, pra muitos será mistério
Eu digo que onde vivo é um castelo de critérios
Em baixo da verdade, quem não tem procura o seu
O céu não é meu limite e da minha vida cuido eu
Quem tem vida boa, vive num barraco moderno
Infância, lembrança, mãe solteira e cemitério
Lista apagada, sem rastro pelo caderno
38 balas, direto pro necrotério
A paz é feita de sangue, enquanto houver desigualdade
Herói morre na guerra e não existe majestade
Aqui a maioria passa por necessidade
Com os olhos fechados, mesmo assim vejo maldade
Penso no futuro, pois, espero o que me espera
Não tente entender o que se passa na minha reza
No meu dia a dia, cada dia uma guerra
Lutando e separando o mal e o bem da favela
É um declínio que foge da vida real
Cada um paga seu preço, cada um tem um final
Cansado de aguardar por esperança a vida inteira
Tapando o rosto do sol infelizmente com a peneira
Em baixo da verdade, quem não tem procura o seu
O céu não é meu limite e da minha vida cuido eu