Há de desolar o homem são:
Aonde irá,
O que ainda é, o que foi,
E o que não será
E corrói o ser de bem
Não ver além do caos
Que bate ao pé
E definha o forte ser
Não ser de alguém o cais
Ou maré
Não será a luz do céu,
Nem verá a luz de um véu
Desenrola
Oito tons
De vermelho
No chão -
“Que o passado passe em vão”
Já não mais virá outro sol,
Outro dia só
Já não mais será outro fio,
Torto a cada nó
E só sobra ao ser que cai
Ver tudo que se esvai
Sob os seus pés
E afunda o ser saber
Que um dia irá ceder
Às marés
Não verá mais luz do céu
Nem será de luz seu fel
Se enrola
No preto
E o vermelho
Tem fim -
“Eu, o predador de mim”
Não há escada para o céu
Nem estrada para ao inferno chegar
Seu paraíso é o limbo
A cada porta um adeus
A cada dia um final
Descontinua o contínuo
A sua ventura é se ver
Na desventura de viver
Sua rotina é um suplício
Ao fim da vida não viu
O que viveu, pois não viveu
E terminou-se no início
(Ao fim da vida não viu
O que viveu, pois não viveu
E terminou-se no início)