"Na evolução de minha dor grotesca eu mendigava
Aos vermes insubmissos
Como indenização aos meus serviços
O benefício de uma cova fresca"
O crepúsculo adormece meus sentidos
Fardo e convulso suplico
A magoa gaguejada de um cretino
Que míngua em seu fruto rubro
Suplique ao meu falecer o segredo do meu desafeto
Inconsolável fruto agonizante que meu grito vem abafar
Pelo sangue que a garganta engrossa e sufoca meu despertar
Nas memórias eterno serei
E em profanos sonhos sucumbirei
O náufrago de um condenado
O orgulho de um descontente
Meus restos aos vermes apodrecerão
E minhas palavras aos ventos ecoarão
Em lagrimas o gemido se cala
Na solitude de uma jornada sombria
O eco dos prantos eternos
uma fétida e grotesca carcaça
No desfecho da tragédia de uma vida
"A pragmática má de humanos usos
Não compreende que a morte que não dorme
É a absorção do movimento enorme
Na dispersão dos átomos difusos
Não me incomoda esse ultimo abandono,
Se a carne individual hoje apodrece,
Amanha como Cristo, reaparece
Na universalidade do carbono
A vida vem do éter que se condensa,
Mas o que mais no cosmos me entusiasma
É a esfera microscópica do plasma
Fazer a Luz do cérebro que pensa.
Quando eu for misturar-me com as violetas,
Minha lira maior que a Bíblia e a Freda,
Reviverá, dando emoção à pedra,
Na acústica de todos os planetas"