De antigamente meus olhos eram outros
De verem coisas que não se ve mais
Fio de bigode, lealdade nas palavras
Que se cambiaram pros campos do nunca mais
Antigamente as casas eram grandes
Bem vestidas de alvuras brancas
Arrodeadas de jardins e arvoredos
Habitadas de aconchego e gente franca
Antigamente eram outras as estradas
De conduzirem as canções dos carreteiros
E as noites quinchas estreladas
Nas pousadas desses rudes viajeiros
Antigamente a vida era assim
Tão simples, pessoas e fatos
Pena que esse tempo envelheceu
Amarelando na moldura dos retratos
Antigamente se falava de tropeadas
Do tempo, das soalheiras, do rigor
Das luas de castrar e de enfrenar
Serviço bruto, pro laço e tirador
Antigamente se proseava de romances
De peleias, de causos de assombração
De jujos pra curar todos os males
A não ser aqueles do coração
Antigamente eram outras estradas
De conduzirem as canções dos carreteiros
E as noites quinchas estreladas
Nas posadas desses rudes viajeiros
Antigamente a vida era assim
Tão simples, pessoas e fatos
Pena que esse tempo envelheceu
Amarelando na moldura dos retratos