Um dia desses fronteiro me larguei de alma bem vinda
Rumo aos floreios de um rancho aonde mora minha linda.
Meu pingo baio escarceia num tranco de madrugada
Gasta distância de léguas, buscando o rumo e mais nada.
Um vento bom de saudade me assopra das laranjeiras
Me adoça a estrada comprida e por nada a vida inteira.
Meu coração de campanha parece que sabe a volta
Chega bem antes de mim, conhece o atalho e se solta.
Quem tem a alma nos olhos de uma florzita de campo
Faz das estrelas da noite um lume de pirilampo.
E junta o silêncio claro de basto, espora e barbela
Com um assobio compassado, sonando coplas pra ela.
Pelo acalanto do vento de desce desde a coxilha
Minha saudade se achega e assim no más desencilha.
Um mate é quase um saludo no doce-amargo de um beijo
Pelo carinho das mãos e um jujo bom de poejo.
Trouxe de tiro esta lua num riso em quarto crescente
Só pra alumbrar os olhos negros da noite que cai silente.
Se enfeita minha primavera com a flor do meu rincão
E um canto de chimarrita que encanta o meu coração.
Canto um romance fronteiro desses que a noite ainda encobre
Nos alvoroços de um pala minguado de rima pobre...
Quedando a noite serena que prometia um abraço
E ela de pala no ombro sonhando aqui nos meus braços.