Os loucos estão pisando
Em templos imaginários...
Seus passos baços traçando
Tranquilos itinerários...
Nos braços da fantasia
Não têm noite nem dia
Em seus gestos solitários...
Seus bolsos são relicários
De tesouros irreais;
Os seus sentidos pressentem
As coisas transcendentais;
E reinventam quimeras
Na beira de mil crateras
Dos tempos e temporais.
Os loucos buscam graais,
Madrigais, coplas e hinos;
E vão, em seus palafréns,
Tecendo castos destinos...
Os loucos não são letais;
São poucos, mas são leais.
São loucos, não cabotinos!
Nesses tropéis peregrinos,
Em silêncios sepulcrais,
Os loucos contemplam mitos
Com flâmulas siderais...
Alfim, numa nuvem-lã,
Alcançam aldebarã
E não voltam jamais!