Amigo estou chegando agora venho do interior
Não repare em minhas roupas os remendos
A poeira dos cabelos meu suor
É que a vida lá da roça não que eu diga que não possa
Mas está muito difícil de aguentar
É que um tal de intermediário
Sem ter jeito de operário
Vem colhendo muito mais em meu lugar
Vem a seca vem enchente
Vem insetos mas com tudo isto a gente ainda podia trabalhar
Se não fosse esse moço
Que nos pega com a corda no pescoço e ainda acha de apertar
Amigo me ensine algum caminho aonde procurar
Não repare esse meu jeito de caipira
Só preciso achar alguém pra me escutar
Se eu falar um pouco errado não se faça de acanhado
Diga logo onde devo corrigir
Me disseram lá no campo que aqui se colhe tanto
Vim plantar minha semente por aqui
Amigo esqueça o que lhe digo tudo foi em vão
Foi apenas o lamento de um roceiro
Que plantou bem mais do que colheu o pao
Não censuro a natureza pois é sábia com certeza
E oferece o que nos pode oferecer
Só condeno esses senhores meros atravessadores
Que utilizam minha vida pra viver