Joe Sujera - Homem de Gelo Тексты

ta bom sair de casa, calça jeans e moletom
fonin no ouvindo no busão ouvindo no fiction
o ônibus balança, tia borra o batom
o gordinho desequilibra e derruba seu bombom
no pé, de um homem que cantava elton john
até que a mina deu sinal exibindo a louis viton
olhei pela janela, resolvi descer com ela
grande erro, sinto gotas no meu cabelo
a chuva é gelada, tipo um pesadelo escuro
com o coração gelado, sou um cubo de gelo
pulando poças da praça, no bolso só o da condução
mas no fundo do poço, subir é a única opção
e são pedro continua nessa briga com são paulo
passa um passat a mil, molha minha calça e meu blusão
e há um só objetivo, levantar minha cabeça
pra exibir confiança aliada de um sorriso

entrou no bar mais próximo pra afogar as dores
o recinto ta lotado é dia de libertadores
entra um moleque, atira, colo uma bola
peço breja e polenta, ele pede coca-cola
afogando as mágoas, no copo me descontrolo
entro de solo amarelo, com meia do colo-colo
volume alto substitui a viola
o drink bate como tijolo, me concentro na vitrola
a língua enrola, gole atrás de gole
fim do primeiro tempo, início do bole bole
vou embora agora pra fechar peço mais uma
é de uva a caipirinha, pra descer o santo ajuda
pra levantar nem tanto mano mó sacrifício
pra abandonar o banco assumo que foi difícil
sair do bar, início do segundo tempo
mas já to na rua em companhia do relento

longe do balcão sujo que nem sabe quem sou
eu dou mais 5 passos e ouço grito de gol
a indiferença narra LDU 1 a 0
mas com a vista cansada, na rua escura acelero
o passo, meu coração no beco faz eco
fraco o ronco comparado com o som do boteco
moleque, malaco, passa voado de toca
santista, ta com a camiseta do Arouca
o estalo seco dos chinelos no concreto cantam alto
em sinfonia com a dama da madruga que desfila em salto
mercedão azul, terminal santana
volto com os olhos caídos, perfume de cana
louco pra ir pra cama, cabeça no travesseiro
15 graus a meia noite no relógio da cruzeiro
risca os pecados que o fardo confisca
mais uma noite na minha vida de trabalhador paulista, mano...
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